Vitória de Christian Crucifix e António Caldeira nas Boucles de Spa Classic
 

António Caldeira em entrevista ao Autosport.

"António "Caldeirix" Carvalho representou novamente de uma excelente forma a ‘regularidade’ portuguesa ao vencer as Boucles de Spa Classic, um dos eventos anuais mais importantes desta modalidade do automobilismo.

António Caldeira Carvalho é um navegador luso de regularidade e o mais internacional. Com uma carreira iniciada em 1968 “comecei como piloto, primeiro nos carros antigos, depois em regularidades, com a minha mãe ao lado até 1972” deu início a uma longa carreira com vários pontos altos, o último deles a vitória em Spa: “Não estava à espera, mas correu bem, tivemos alguma sorte porque não havia neve, mas mesmo nas estradas normais onde se desenrola esta prova, é difícil manter os carros na estrada, é mesmo muito escorregadio. Mas é uma grande prova, tal como diz o Patrick Snijers, não conta para nada mas toda a gente a quer vencer” começou por dizer "Caldeirix", nickname que lhe foi posto em virtude do seu piloto luxemburguês, Christian Crucifix: “esta é uma prova em que se tem que ser muito bom piloto para vencer e ter o carro muito bem preparado. Já fiz ralis daqui até à Grécia e nunca tinha visto tantas assistências com este nível como aqui em Spa. Apesar do percurso ser secreto, nesta prova percorrem-se os troços míticos lá da zona, e como a média é 60 km hora e não sabemos onde estão os controlos. Este rali tem a dificuldade adicional de ter muitos controlos de passagem (ndr, RT Regularity Tests) onde temos que parar para carimbar o cartão e partir e isso tudo conta para a média, o que dificulta muito. Chegámos a andar atrasados 450m, e se não tiver um bom piloto não se consegue recuperar, até porque na ‘Sintra’ lá deles a Clémentine, tem muitos ganchos no final, quase parece a Rampa da Pena (embora seja plano) e aí não é fácil conseguir a média.” explicou António Caldeira, que nos 45 anos de carreira tem visto a tecnologia mudar muito: “hoje em dia há muito bons equipamentos dentro do carro que nos permitem controlar se estamos atrasados ou adiantados. Costumo dizer a brincar que deixei de fazer metade do trabalho. Tenho um amigo piloto que um dia me disse que agora já não é piloto mas sim operador de sistemas informáticos, e eu é a mesma coisa”, disse, gracejando.

António Caldeira participa no Rali de Portugal Histórico desde a primeira edição, mas curiosamente, só venceu a primeira, ao lado de Camilo Figueiredo: “Curiosamente, depois disso quase nunca consegui terminar. Já participei com vários estrangeiros, três anos com o Aníbal Rolo o ano passado no Audi Quattro do Cipriano Antunes, com quem terminei em sétimo, e o ano passado, com o Crucifix terminei em segundo dos neoclássicos, tendo antes, também com ele, vencido em França o Rallye des Ardennes”

Mais sorte teve este ano na prova belga, que venceu pela primeira vez: “Na fase inicial da prova estávamos em sexto, e a partir da terceira regularidade, sempre em primeiro. Depois apanhámos uma penalização de 160 pontos, e nem soubemos bem porquê, e logicamente caímos na classificação, mas recuperámos. Depois na 13ª regularidade tivemos uma ligeira saída de estrada e perdemos um avanço de 29s. Mas depois correu bem, e foi a primeira vez que um português ganhou as Boucles de Spa. É uma prova extraordinária, vale bem a pena”, referiu António Caldeira Carvalho."